Hoje vamos falar sobre algo que parece simples, mas costuma frustrar quem trabalha com relatórios e automações: como alterar o separador de CSV no Power Automate, especialmente para quem precisa criar arquivos prontos para Excel no Brasil. Este artigo foi inspirado no vídeo acima, que explica na prática cada detalhe deste processo, e também conta com a experiência do projeto Power, que há anos ensina e ajuda pessoas a dominar as ferramentas da Microsoft.
O que são arquivos CSV e o caos dos separadores
Antes de entrar nos detalhes do Power Automate, vale a pena explicar rapidamente o contexto dos arquivos CSV. Eles são textos simples onde cada linha representa um registro e cada coluna é separada por um caractere. No mundo todo, a vírgula é o delimitador mais usado — quem nunca viu um arquivo.csv, não é?
Só que no Brasil, desde o Windows em português e especialmente quando abrimos arquivos no Excel, o padrão quase universal é outro: o ponto e vírgula (;). Parece pequeno, mas esse detalhe já causou dores de cabeça em muita gente.
Excel no Brasil adora um ponto e vírgula!
Se você criar um CSV separado por vírgulas e abrir no Excel instalado em um Windows brasileiro, é provável que veja todos os dados em uma coluna só. Isso embaralha análises e estraga relatórios. No fim, o que deveria ser rápido vira frustração.
O dilema do Power Automate e o separador
O Power Automate, ferramenta favorita de automações no universo Microsoft, gera arquivos CSV automaticamente quando usamos ações como “Create CSV table” ou “Criar tabela CSV”. Só que, por padrão, o delimitador nessas ações é sempre a vírgula. Não existe uma opção direta para trocar isso nas ações padrão.
Então, como customizar o separador? Como evitar problemas no Excel, principalmente se você está enviando relatórios para pessoas menos experientes ou gerando arquivos que vão servir para importar dados em outros sistemas?
Como criar CSV com separador customizado no Power Automate
O caminho prático, e contou com dicas do vídeo e da experiência no projeto Power, passa por algumas etapas simples — mas requer atenção a detalhes que fazem diferença. Vamos seguir juntos?
1. Buscando os dados: a ação Get Items
O ponto de partida é quase sempre extrair dados de algum lugar: SharePoint, Dataverse, SQL ou outra fonte. No exemplo mais comum, usamos a ação Get Items para buscar registros de uma lista ou tabela.
- Escolha a fonte dos dados (SharePoint, Excel online, Dataverse…)
- Configure filtros, se precisar apenas de algumas linhas
- Selecione apenas as colunas que vai usar no CSV para evitar excesso de dados
Já percebe que, só aqui, criar um CSV limpo e direto é um desafio bem brasileiro?
2. Construindo a tabela CSV
Depois de obter as linhas, precisamos transformar isso em texto — o chamado CSV. Na teoria, bastaria usar “Criar tabela CSV”, que retorna um texto delimitado por vírgulas. Só que, como já vimos, precisamos de ponto e vírgula.
Por isso, muitos recorrem a uma etapa extra: compor manualmente o texto agregando as colunas e substituindo o separador.
- Monte manualmente a primeira linha com os nomes dos cabeçalhos, separados já pelo delimitador correto (ponto e vírgula, pipe, tabulação… você escolhe)
- Para cada linha dos dados, crie uma string onde cada valor de coluna é separado pelo delimitador escolhido
- Junte todas as linhas em um bloco só, para formar o CSV completo
Parece algo técnico, mas no fundo é como montar um relatório artesanal.
3. Nome único para o arquivo: a importância de data e hora
A geração do arquivo CSV costuma ser automática. Para evitar sobrescritas, insira a data e hora no nome do arquivo, usando os campos dinâmicos do fluxo, por exemplo: RelatorioClientes_2024-06-11_15-45-23.csv.
Sem nome único, os arquivos podem sumir sem aviso.
4. Inimigo oculto: dados com vírgulas e o caráter “secreto”
Certo, mas tem uma armadilha: e se algum dos campos do seu dado já conter uma vírgula? Imagine o nome “André, o Grande”, ou alguma descrição mais complexa. Se forçar a troca de todas as vírgulas do texto pelo novo separador, vai misturar o que deveria ser parte do texto com o que é separador de coluna. Pronto, dado perdido.
Como contornar isso?
- Escolha um caractere “secreto” que jamais deve aparecer nos dados comuns, por exemplo, ¤ ou §.
- No fluxo, antes de criar o CSV, crie um passo que substitui vírgulas dentro dos dados por esse caractere secreto. Faça isso campo a campo.
- Depois, gere o CSV onde as vírgulas externas são substituídas pelo delimitador real (ponto e vírgula, pipe etc.)
- Ao final do processo, se precisar trocar o caractere secreto de volta por vírgula (ou outro símbolo), faça isso, cuidando para não afetar o separador do CSV.
Pode parecer exagero, mas só assim você garante que a integridade dos dados não seja comprometida.
5. Tratamento de aspas e outros símbolos
Outro cuidado importante é com aspas. Se algum texto do dado possui aspas, isso pode confundir leitores de CSV, que podem considerar tudo dentro de aspas como único campo.
Neste caso, o ideal é “escapar” (duplicar) as aspas internas. Por exemplo, se uma célula contém Ele disse: “olá”, no CSV ficaria Ele disse: “”olá””. Assim, qualquer leitor saberá diferenciar o que é separador e o que é parte do texto.
Mão na massa: resumo do fluxo para gerar CSV customizado
- Use Get Items (SharePoint) ou ação equivalente para buscar os dados
- Selecione, para cada coluna, tratar:
- Substitua vírgulas dos dados pelo caractere secreto
- Duplique aspas se houver
- Monte a linha de cabeçalho com os nomes, separados pelo delimitador escolhido
- Monte cada linha de dados já separando pelo delimitador
- Depois de juntas todas as linhas, salve o resultado em um arquivo com nome único
Evitar bagunça nos dados depende do cuidado em cada etapa.
No projeto Power, orientamos muitos clientes e alunos a criarem funções personalizadas que facilitam todo esse processo, usando ações do Power Automate como Compose, Append to array e Create file para gerar arquivos sem surpresa.
E se eu quiser outro delimitador?
O processo é basicamente o mesmo se quiser usar pipe (|), tabulação ou outro símbolo qualquer. Adapte o caractere secreto, lembre dos tratamentos, e teste o arquivo no Excel e outros sistemas antes de compartilhar!
Cada empresa ou processo pode pedir uma formatação diferente, então não existe “a única solução”. A experiência do projeto Power mostra que esse cuidado faz diferença, principalmente em ambientes grandes, com muitos usuários e integrações variadas.
Resumo: flexibilidade na criação de CSV no Power Automate
Gerar arquivos CSV com separadores customizados no Power Automate é um desafio. A opção padrão serve para poucos cenários no Brasil — por isso, ajustar o delimitador, proteger os dados internos e tratar símbolos é tão necessário para resultados limpos.
Ao seguir os passos e dicas deste artigo (e vídeo), você garante que seus relatórios e automações não serão mais motivo de frustração, nem para você, nem para clientes ou gestores.
O cuidado no detalhe faz toda a diferença no mundo dos dados.
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